
A força invisível que move os oceanos: a influência das fases da Lua nas marés
Poucos fenômenos naturais despertam tanta curiosidade quanto a variação das marés. Para muitos, trata-se apenas de um movimento previsível do oceano. No entanto, esse vai e vem das águas está profundamente ligado a uma influência direta do espaço: a Lua. Nesse sentido, a influência das fases da Lua nas marés é essencial para entender como as massas d’água se comportam diariamente.
Ao observar o ciclo lunar, percebemos que ele não afeta apenas a luminosidade do céu noturno. As diferentes fases da Lua têm impacto direto na força gravitacional exercida sobre a Terra, alterando o comportamento das massas de água. E esse processo, embora silencioso, é responsável por mudanças significativas que afetam desde o ecossistema marinho até atividades humanas como a pesca e a navegação.
A ciência por trás da atração gravitacional dos astros
Todos os dias, é possível observar a variação do nível do mar e outros leitos d’água ao redor do planeta, mas você já parou para pensar o que de fato influencia esse movimento de “vai e vem” e como isso ocorre?

No que diz respeito ao movimento das águas, a Lua é a maior responsável, apesar de não ser a única, a influenciar esse fenômeno. Nesse sentido, o que acontece é que, quando a Lua está em seu ponto mais próximo da Terra, o perigeu, a força gravitacional exercida sobre as águas é maior. E quando ela está em seu ponto mais distante, o apogeu, a influência da força gravitacional é menor. Na prática, a força gravitacional diz respeito ao movimento de “vai e vem”, ou seja, a Lua atrai os leitos d’água em sua direção e outros fatores, como o vento, puxam a água na direção contrária a da Lua, o que gera um movimento constante, conhecido como maré, em que a água não se mantém estática.
Ademais, essa não é a única forma que o satélite natural terrestre influencia as marés. Vale destacar que, as fases lunares também são um importante fator nesse processo. No caso, durante a lua nova e a lua cheia, a Terra, a Lua e o Sol se alinham e esse alinhamento intensifica a força gravitacional, justamente por ser uma combinação da força desses três corpos celestes. Esse fenômeno provoca as chamadas marés de sizígia, onde a variação da amplitude das marés, preamar e baixa-mar, é maior. Já nas fases crescente e minguante, como a posição entre os astros não está alinhada, a junção das forças gravitacionais ainda existe, mas é fortemente reduzida. Então, o resultado desse processo são as marés de quadratura, onde a variação das marés é mais sutil.
O impacto direto no nosso cotidiano
Essa interação entre Lua e Terra não afeta apenas o variação da água no litoral. Suas consequências vão muito além do que se imagina. A pesca, por exemplo, é diretamente influenciada pelas marés, pois muitos peixes e crustáceos se movem com base na variação das correntes. Marés mais fortes favorecem a oxigenação das águas e atraem espécies para áreas costeiras, facilitando a captura.
Além disso, esportes náuticos, turismo em regiões litorâneas e até operações portuárias precisam considerar a influência das fases da lua nas marés. Um simples descuido na leitura das tábuas de maré pode resultar em prejuízos logísticos ou acidentes evitáveis. Por isso, compreender esse fenômeno não é apenas interessante, é uma necessidade prática para quem vive ou trabalha próximo ao mar.
Curiosidades que nem todos conhecem sobre a influência lunar nas marés

Embora a força gravitacional da Lua atue sobre toda a Terra, as marés não ocorrem da mesma forma em todos os lugares. Em algumas regiões costeiras, como a Baía de Fundy, no Canadá, a diferença entre a maré alta e a maré baixa pode ultrapassar 12 metros. Já em áreas como o mar Báltico ou o mar Mediterrâneo, essa variação é mínima, às vezes com poucos centímetros de diferença. Isso acontece por causa de uma combinação de fatores. A forma e a profundidade dos oceanos influenciam diretamente na maneira como a água se movimenta.
Nesse sentido, regiões com costas estreitas e fundos rasos tendem a amplificar o efeito das marés, enquanto mares fechados e com pouca conexão com os oceanos abertos, têm menor variação. Além disso, a rotação da Terra, a posição geográfica, o formato do litoral e até a presença de ilhas e correntes marinhas interferem no comportamento das marés. Ou seja, a influência da Lua é global, mas sua manifestação é moldada pelas características locais de cada região.
Conclusão: observar a Lua é entender o mar
Entender a relação entre a Lua e as marés é mais do que um exercício de curiosidade científica, é uma forma de se reconectar com os ritmos naturais que regem o planeta. Quando olhamos para o céu e vemos uma nova fase da Lua surgir, estamos também presenciando o prenúncio de mudanças nos mares, nas praias e na vida de quem depende desses fenômenos.
A influência das fases da lua nas marés mostra como até os elementos mais distantes de nós podem exercer efeitos profundos e constantes em nosso cotidiano. Ao reconhecer esses padrões, conseguimos não apenas admirar a beleza do cosmos, mas também usar esse conhecimento para tomar decisões mais conscientes e alinhadas com a natureza.

